sexta-feira, 27 de abril de 2012

CHAPADA DIAMANTINA/BA - Dezembro 2012

DADOS E HISTÓRIA

A Chapada Diamantina é composta por 57 cidades sendo que 6 se não me engano estão dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina, criado em 1985. As cidades são pequenas, com cerca de 7 mil habitantes no máximo (algumas com bem menos) e todas “à moda antiga”. Aquelas casinhas coloridas, algumas ruas de paralelepípedo, daquele jeito que te faz voltar décadas no tempo.
A Chapada fica localizada na região central da Bahia e foi povoada primeiramente pelos índios. No século XVII os portugueses chegaram e consequentemente os negros, que começaram uma atividade econômica baseada na agropecuária e em seguida no garimpo de diamantes, através dos diversos rios e bacias formados na região.
Uma informação interessantíssima é que a Chapada foi formada no fundo do mar! Um choque de placas tectônicas criou as fendas e depressões que compõe hoje a geologia do local. Assim, iniciou-se a formação das serras sedimentares, através da ação dos ventos, rios e mares, que juntaram pedacinhos de diversas pedras e desenharam as paisagens locais, que são indescritíveis.
EXPERIÊNCIA
Complicado traduzir em palavras a experiência dessa viagem. É um lugar sensacional, mas acho que o destaque fica para a interação constante com a natureza. Pelo menos no roteiro que escolhi o contato é mais do que direto, você quase faz parte daquilo. Difícil explicar... não é somente uma questão de contemplação ou admiração, você interage com tudo aquilo que está ao seu redor de forma intensa e isso torna a experiência inesquecível, além de dar essa saudade que já estou sentindo desse lugar fantástico.
Vale ressaltar que para fazer algumas trilhas é necessário o mínimo de preparo físico, ou ao menos de disposição... toda trilha tem um sobe e desce, com muita pedra, algumas são bem longas então é realmente preciso por na balança antes de topar esse desafio. Mas eu garanto que vale MUITO a pena... faria tudo de novo e mais um pouco!!!




ROTEIRO
Vou fazer este post seguindo o roteiro que fiz nos 7 dias que fiquei na Chapada. Acho que assim fica mais fácil, até por que me hospedei em mais de um lugar, então vou pela sequência...
Não fiz o pacote completo com agência pois depois da Chapada ainda ia seguir viagem, então fiz tudo por fora, mais uma vez consegui tarifas promocionais da Gol, mas contratei uma agência local da Chapada com antecedência, a Agência Volta ao Parque. Escolhi uma das opções de roteiro dentre as várias que eles oferecerem: o “Volta ao Parque Inesquecível”, que diga-se de passagem, o nome do pacote foi muito bem escolhido. O mais interessante deste pacote é que conseguimos ver coisas muito diferentes ao longo dos dias... não ficamos na mesmice. Vemos desde várias cachoeiras (todas com características bem diferentes), canions, grutas secas e molhadas, rios, montanhas e muita história.

Com este pacote tivemos direito às pernoites, traslados, passeios, almoços e lanches de trilha. A única coisa que não estava inclusa eram os jantares dos dias em que pernoitamos em Lençóis (no caso, 3 noites). Com todo o resto não precisamos nos preocupar...
Abro um parêntesis para dizer que “super recomendo” a agência Volta ao Parque. Desde quando fiz o orçamento até “consumar” o pacote foi tudo perfeito, eles são muito profissionais, o preço é inferior ao das outras agências, mas o trabalho é excepcional. E o guia que ficou conosco durante a semana, o Tiago, é simplesmente fantástico, muito animado, divertido e gente boa em todos os sentidos... amamos!!!

Vamos ao roteiro?

Dia 1 – Salão de Areias Coloridas, Cachoeirinha, Cachoeira da Primavera

Bom, após ter “dormido” no aeroporto de Salvador, peguei um vôo Trip para Lençóis... super tranquilo, uns 50 minutos. A Agência Volta ao Parque já nos pegou no aeroporto e fomos para a pousada Bosque do Lapão, nossa primeira acomodação na Chapada. A pousada é simples, em forma de chalés com 2 pequenos cômodos. Sinceramente, não recomendo, pois é um pouco longe do centro (embora a Volta ao parque fique 100% disponível para levar e buscar o hóspede), achei alguns “bichos” dentro do quarto (um dia tinha uma perereca no teto do banheiro, complicado), a luz é meio fraca, à noite fica difícil de enxergar as coisas no quarto eheh... Enfim, pequenos detalhes, nada grave não... mas se tiver outra opção vale a pena tentar. Um ponto positivo que o pessoal da agência enfatizou sobre esta pousada é a tranquilidade. Justamente por ser afastada do centro é um silêncio e uma paz total. Realmente, o centro fica bem movimentado à noite e talvez as pessoas encontrem dificuldade de dormir...


Pousada Bosque do Lapão - Lençóis

Já era quase hora do almoço então deixamos as malas, trocamos de roupa e almoçamos no “O Bode”, um restaurante self-service na pracinha de Lençóis mesmo. Comidinha caseira, feita no fogão à lenha, muito saborosa! Enquanto aguardava o guia aproveitamos para tirar umas fotinhos da cidade que é muito fofa.
Então começamos nossa primeira caminhada, leve neste primeiro dia, vimos um local com alguns poços de água, muito interessantes. E a parte engraçada é que ainda existem lavadeiras! Exatamente, mulheres que vão com suas crianças e bacias cheias para lavar roupa nesses poços. Na verdade acaba virando uma diversão, a criançada brinca enquanto a mulherada lava. Hilário.


Visitamos o salão de areias coloridas, que são formações rochosas arenosas e nos banhamos na Cachoeirinha e Cachoeira da Primavera. Dia bem light, merecido após a maratona de aeroportos...
No final do passeio estava tão esgotada que capotei na cama após uma ducha e só levantei no dia seguinte...

 
 


Dia 2 – Cachoeira dos Mosquitos, Fazenda Os Impossíveis e Serra das Paridas

No segundo dia a coisa já começou a ficar mais emocionante... Pela manhã começamos com uma trilha leve para chegarmos até a Cachoeira dos Mosquitos, uma queda de cerca de 50 metros. O nome se dá por conta dos pequenos diamantes que ali foram encontramos, que eram chamados de “mosquitos”.
 





Após um delicioso banho nos poços da cachoeira fomos almoçar na Fazenda Os Impossíveis, uma fazenda auto-sustentável. Eles tem uma pequena hidrelétrica, os alimentos são orgânicos, enfim... o almoço é muito bom, feito pela Dona Noese, proprietária da Fazenda. Ali saboreamos uma comidinha caseira deliciosa, com bastante variedade e muitas opções de doces para a sobremesa. Tinha doce de leite, de jaca, de banana, de manga...muitos! Além de frutas frecas também. Ah, já ia esquecendo de mencionar os 3 tipos de sucos naturais deliciosos: abacaxi com hortelã e genibre, jabuticaba (para mim, o melhor) e mangaba, a fruta da região. Aproveitamos para tirar um chochilo gostoso nas redes do local.
Na parte da tarde visitamos a Serra das Paridas, um complexo arqueológico com pinturas rupestres estimadas entre 8 a 12 mil anos. As pinturas são realmente fantásticas, muitos desenhos diferentes e por mais que você tente é impossível decifrar qual a mensagem que estes antigos habitantes estavam tentando transmitir... A parte mais interessante da história é que o Complexo foi descoberto recentemente, há cerca de 6 anos, quando um incêndio destruiu a vegetação que cobria os morros onde as pinturas foram feitas. Até então nunca se soube da existência disso, e após isso, diversos congressos já ocorreram, além de visitas de importantes arqueólogos do mundo inteiro.





À noite fomos jantar no centrinho de Lençóis e escolhemos uma pizzaria chamada “Na Tora”. Gostamos bastante, pedimos meia calabresa meia quatro quejos, ambas estavam boas, mas destaco a de calabresa, massa fininha, recheio bom, enfim, recomendo! E como estavamos sedentos por um docinho pedimos um tipo de crepe na própria pizzaria, mas não tava muito legal não... Tivemos dificuldade de achar sorveteria ou qualquer coisa do tipo, a única sorveteria do local estava fechada antes das 22h.


Dia 3 – Poço do Diabo, Fazenda Pratinha (Gruta Azul e Gruta Pratinha), Gruta Lapa Doce e Morro Pai Inácio

Neste dia tivemos companhia no passeio (até então estávamos somente eu, o Lê e o guia): duas coreanas e um paulista.
Começamos com uma trilha leve para o Poço do Diabo, um poço bem grande onde, segundo a lenda, escravos “malcriados” eram atirados com um pesinho levinho no pé ehehe. Claro que tomamos um delicioso banho no poço que dispõe de uma enorme tirolesa (paga à parte). 




Depois seguimos para a Gruta Lapa Doce, uma gruta seca gigante, cuja entrada se dá por uma grande dolina e a extensão da caminhada é de cerca de 800 metros. A escuridão é total por isso é necessário o uso de lanternas. Em determinado momento do passeio o guia pergunta ao grupo se desejam “curtir o silêncio e o escuro” por alguns minutos, então desligamos as lanternas e ficamos em silêncio por uns 2 minutos. É incrível...






Almoçamos num self-service (lembrando que tudo isso já estava incluso no passeio então não tinhamos muita opção no almoço) que estava bem “mais ou menos” e seguimos para a Fazenda Pratinha.
Já na Fazenda visitamos a Gruta Azul (somente contemplação), bem linda, lembra bem a Gruta do Lago Azul em Bonito/MS, e na sequência a Gruta Pratinha. 
 


 
Nesta, tínhamos a opção de fazer uma flutuação dentro da caverna, por R$ 20,00. Fizemos e foi sensacional. São 180 metros flutuando com colete, snorkel, nanadeira e lanterna pois a escuridão também é absoluta. O teto é meio baixo, então não recomendo para quem tem claustrofobia. Ao final dos 180 metros há um poço um pouco maior onde o guia local para e faz algumas explicações sobre a gruta. A parte mais legal desta flutuação é a volta pois é quando a claridade consegue atingir alguns pontos do rio e você começa a ver aquela luz refletindo na água formando uma cor de incrível azul, sem contar a presença de milhares e milhares de peixinhos... Enfim, indescritível, vale muito a pena, recomendo que o vistante faça a flutuação. Depois há uma parte do Rio Pratinha onde é possível se banhar também, água limpa, muito gostoso.


 




E para fechar o dia com chave de ouro, o local que para mim era o mais esperado: o
famoso Morro do Pai Inácio. É um dos principais cartões postais da Chapada, de onde se tem uma vista panorâmica e pode-se avistar outros morros como Morro do Camelo, os Três Irmãos, dentre outros.  A subida é um pouco cansativa, cerca de uns 20 minutos, mas você esquece imediatamente quando tem aquela visão do topo. Não vá embora antes de o sol se por... é fantástico.


A cruz em homenagem ao Pai Inácio
 
Como nosso guia era bem animado, nos deu várias dicas para as fotos (conforme abaixo), que estão entre as melhores que tirei.


 







E diz a lenda que o Pai Inácio era um escravo de confiança do senhor, muito bem apresentável e que atraiu a paixão da sinhá (filha do patrão), que voltava da Europa. Começaram então um romance escondido, mas descobriram e deduraram para o senhor, que mandou as tropas atrás do Pai Inácio. O melhor lugar que ele encontrou para se esconder foi no alto de um morro, em uma posição estratégica onde ninguém poderia vê-lo. Mas infelizmente o acharam, e ao ser encurralado na beira do abismo ele disse: “Se é para me entregar para suas tropas, me entrego à natureza”... e assim o Pai Inácio pulou de cima do morro, segurando o guarda-chuvas da sinhá. Diz a lenda que ele sobreviveu, levou a sinhá embora e foram felizes para sempre!!!



Novamente fomos jantar no centro de Lençóis e desta vez fomos num restaurante chamado “Maria Bonita”. Bem chamosinho, de esquina, as mesinhas ficam na rua mesmo, assim como muitos outros. A pedida foi um “fetuccini encantado” para o Lê (filet mingnon com molho branco) e “caneloni vegetariano” para mim, recheado com ricota e beringela, ambos muito bons.
E neste dia descobrimos o paraíso dos doces em Lençóis: o Pavê e Comê. Uma casinha bem rústica (está no Guia 4 Rodas!!), mesas com velas, todo tipo de artigo religioso e exótico formam a decoração do local. Fomos atendidos pela Dona Sônia, a dona do local que faz os doces... Não tem cardápio, você pergunta as opções do dia, que são várias. Escolhi um bolinho de chocolate com calda quente e sorvete de maracujá (simplesmente divino) e o Lê, um pavê de chocolate (parece que é o doce clássico do local, o mais procurado). Os doces são R$ 10,00 e o preço é justo... são perfeitos.

Dia 4 – Poço Azul, Poço Encantado e Xique Xique de Igatu

Este é o dia mais tranquilo da viagem: quase nenhuma caminhada. Neste dia já saímos de Lençóis com as malas pois seria nossa primeira pernoite em outro local.
O primeiro passeio foi visitar o Poço Encantado (fica no município de Andaraí), um incrível poço com água cristalina dentro de uma caverna. É possível ver o fundo, que em alguns pontos chega a mais de 40 metros de profundidade. É incrível pois olhando parece que são somente 4 rs... fantástico!!! Entre abril e setembro o alinhamento da fenda com o sol faz com que os raios de luz atinjam o fundo do poço e se reflitam no teto da caverna, formando uma imagem incrível. Infelizmente fui em dezembro, então não pude contemplar este fenômeno...


 Na sequência fomos para o Poço Azul, uma formação bem semelhante ao do Poço Encantando, com a diferença que você pode flutuar nele!!!  Nesta caverna de água extremamente cristalina foram encontrados fósseis da preguiça gigante, tigre dente de sabri e uma espécie rara de peixe albino.
Quero abrir um parêntesis para falar do guia local que nos levou no Poço Azul: O Juraci, um rapaz de 27 anos que trabalha ali há 17!! O cara é o guru das câmeras fotográficas. Ele mexeu nas configurações da minha câmera para que as fotos ficassem perfeitas... mexeu em coisas que eu nem sabia que existiam, que vergonha! Sem contar que ele fez questão de entrar na água também com minha câmera aquática e tirar várias fotos, cujas poses ele que ditava. Demais... tá de parabéns!











Maoa do Brasil? Da África? Isso é a natureza...

Na própria fazenda onde fica o Poço Azul, há o famoso restaurante da Dona Alice, também recomendado pelo Guia 4 Rodas. Mais uma vez desfrutamos de um delicioso almoço caseiro e ali pude comer alguns pratos típicos da região como “palma” (uma planta que lembra uma espécie de cacto), mamão verde (parece um chuchu rs) e um tipo de pirão de banana. Nem preciso dizer que estava tudo muito bom né? Mais uma vez tiramos o cochilo de praxe nas redes e também pude experimentar uma bananada caseira muito boa!!!
Seguimos para Xique Xique de Igatu, um lugar pitoresco, muito diferente de tudo que já vimos. 






 A antiga vila do Xique-Xique de Igatu (Igatu "Agua Boa" em Tupi) é a principal referência da história do ciclo do diamante na Bahia, pois viveu o esplendor no século 19 e a decadência no século 20, quando a maioria das casas foi abandonada. Hoje se destaca por suas ruínas de casas de pedras, algumas reconstituídas, dando um ar especial ao povoado onde escavações revelaram frascos de remédios para doenças venéreas, provavelmente usados pelos frequentadores de famosas casas de diversão noturna, com figurantes importadas da Europa, segundo a lenda. A maior atração hoje é mesmo a cidadezinha, com suas casas e ruas de pedras, encravadas em meio a serras. O Povoado é tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional e suas construções ( hoje em ruínas) são quase todas de pedras, o que levou a ser conhecida como nossa a Machu Picchu brasileira. Hoje conta com somente 380 habitantes fixos.
Ao chegar lá visitamos a Galeria Arte e Memória, um museu ao ar livre formado em duas reuínas com exposição de diversos artigos da época do ciclo dos diamantes como louças, ferramentas etc. Há também exposição de quadros. Mas o destaque fica para o melhor capuccino de Chapada, de acordo com o Guia 4 Rodas: O famoso “Capuccino Arte e Memória”. Muito bom, recomendo!




E no meio do nada olha o que encontro




Em Igatu também comi o melhor pirão da minha vida, com peixe tucunaré. Fomos num restaurante chamado Água Boa e fomos atendidos pelo “Neo”, muito simpático assim como todos na Chapada Diamantina. E para completar, comemos um pavê de abacaxi de sobremesa, desculpa mas não tenho nem como descrever tamanha delícia!!!
Agora um parágrafo especial para Pousada Flor de Açucena! Uma pousada muito charmosa, a melhor que fiquei em toda a Chapada... os detalhes fazem o local se tornar extremamente aconchegante, há diversos ambientes como sala de TV, sala de café, massagem, sauna, piscina, tudo bem rústico e fofo. A construção aproveitou a estrutura pedregosa do local, então dentro dos quartos há pedras em toda a parte rs... muito diferente! E o café da manhã também foi o melhor de todos... a cada minuto sai algo novo: pastelzinho frito na hora, bolinhos de chuva, geléias enfim... muita varidade, adorei.


Dia 5 – Cachoeira do Buracão e Mucugê

Vou começar esta seção dizendo que a Cachoeira do Buracão é um dos lugares mais lindos que eu já vi. Mas assim, de verdade... estou até pensando em fazer um ranking aquino blog... tenho dúvidas se não viria em primeiro rs...

A paisagem linda de todos os dias
Para chegar lá percorremos um longo período de carro, cerca de 100km até Ibicoara, onde precisamos ter um guia local para a visita. Fazemos uma trilha de cerca de 3km, passando por poços, riozinhos e alguns trechos de mata mais fechada. Passamos por uma queda que “termina no chão”. Você já viu alguma queda que não tem poço embaixo, mas somente uma infinidade de pedras amontoadas? Cadê a água? Chegamos no fim da trilha onde é possível avistar os incríveis cânions, a passagem para a queda da cachoeira... Colocamos o colete e nadamos cerca de 100 metros contra a correnteza no meio destes 2 cânions até avistar esta queda fantástica de 86 metros de altura, com uma força absurda, um barulho altíssimo e um poço  negro bem profundo, com as águas agitadas pela força da queda. A visão é impagável... é completamente diferente de tudo o que já tinha visto. A sensação é de pequenez, de impotência diante da grandeza da natureza. 


 




Após estes momentos inesquecíveis, fazemos o mesmo caminho de volta pelo meio do cânion e quase tive um “treco” quando o local que eu precisava subir para continuar a trilha estava repleto de libélulas azuis, e a parte mais nojenta: copulando. Eram muitas mesmo, e o Tiago nosso guia se empolgou nas fotos... algumas abaixo ehehe...



Fomos ver a queda por cima e não vale ficar com medo, tem que deitar e por a cabeça na beira da rocha para ver a queda, vale muito a pena.

 
AMO essa foto!



Enquanto isso, o guia local Joel (muito gente boa), já estava preparando nosso piquenique... não sei como coube tanta coisa naquela mochila... suquinho natural de maracujá geladinho, pão, salame, atum, frango, até abacaxi o cara trouxe na mochila rs... e após o lanche o cochilo clássico. Os guias curtem essa sonequinha nas cachoeiras, que diga-se de passagem é muito boa mesmo. Deitei num espacinho coberto de pedras e tirei uma boa soneca.

Depois ainda pudemos tomar mais um banho num poço com umas quedinhas bem fortes... hidromassagem natural! Demais!


Esta noite pernoitamos em Mucugê, mais uma cidadezinha fofa. Ficamos na Pousada Pé de Serra, bem gostosinha também, caminha boa, café da manhã legal, enfim... recomendo.
E jantamos no Sabor e Arte, um buffet com muita variedade de comida. Simples, mas boa! Também comi um doce de limão com coco, muito bom.

Dia 6 – Travessia Guiné-Capão

Bom, aqui foi o teste dos limites... um trekking de 18km partindo de Guiné para o Vale do Capão. O começo já não é nada fácil: uma subida de 1,5km. Foi bem difícil e parávamos com frequência para recuperar o fôlego. Após isso era terreno mais plano e descidas com algumas subidinhas leves. Considero a parte da manhã menos difícil, porque estamos com mais energia, mais empolgação, curiosidade etc... e o ponto principal: o sol fica mais forte à tarde. Depois da pausa para o lanche, a parte da tarde é cansativa, o sol castiga, a vegetação é rasteira, não há sombra alguma.




Parece algo totalmente assustador não? Você deve estar se perguntando então por que fiz isso? Qual a graça? Rs... a trilha por si só já é a graça, a sensação de andar no meio do nada, longe de tudo, por entre as montanhas gigantescas e maravilhosas... Sem contar o lance do desafio, de testar os limites mesmo. Foi um dos melhores passeios em viagens que já fiz na minha vida. É algo completamente diferente de tudo e o interessante é que deixa um gostinho de quero mais. Fiquei com vontade de voltar para fazer um dos trekkings mais bonitos do Brasil, também na Chapada: Vale do Pati. Mas esse são 4 dias hehe.


Dicas:
1) Precisa passar muito protetor solar em todas as partes do corpo que estiverem expostas. Cometi o erro de não passar no pescoço/nuca, e como estava com o cabelo preso fiquei com uma marca terrível, vermelha, que depois ficou preta e descascou... durante o dia não sentia o sol queimar por causa do vento, mas depois sofri...  As canelas também ficaram com uma marca vermelha, porém menor. Eu estava de calça legging, inclusive é melhor ir de calça mesmo pois em algumas partes a trilha é bem fechada e a vegetação machuca a perna.
2)  Levar muita água, o máximo que puder carregar. Levei se não me engano 3 litros pra mim e pro Leandro, foi pouco. À tarde tive muita sede e tive que ficar racionando a água. São muitas horas sem ver nenhum riozinho, somente no final da trilha é que nos deparamos com o Córrego das Galinhas, onde tomei uns dez copos de água seguidos, de tanta sede que eu estava.

No final da trilha, cruzamos três vezes um rio e ao terminar, na beira da cachoeira tem um casebre de palha com um “tiozinho” vendendo caldo de cana e pastel de palmito de jaca. A máquina de fazer o caldo de cana é manual e o pastel vem frito de casa. Esse cara me impressionou. Ali é o meio do nada... o cara vem todos os dias com a bacia de pasteizinhos fritos e provavelmente deve vender 2 ou 3 no máximo. Isso quando não volta para casa com a bacia cheia! E o mais impressionante: 5 copos grandes de caldo de cana + um pastel =R$ 9,00. Fala sério?!?
O trekking termina no Vale do Capão, outro lugar pitoresco! Uma vila que está no meio de duas grandes montanhas e concentra um aglomerado de hippies e todo o tipo de pessoas vivendo de forma alternativa e naturalista. Chegamos lá por volta de 17h e paramos no “Flamboyant” para comer uma coxinha de palmito de jaca e uma coca gelada rs... sugestão do Tiago (guia). A cidade estava vazia, meio deserta. Mas à noite tudo mudou... Muuuita gente na rua, capoeira numa tenda, gente cantando e tocando violão, hippies vendendo sua arte em barraquinhas. Tudo muito diferente, um estilo de vida alheio e exclusivo. Dificil explicar... só vendo.
Mas o auge do dia foi o jantar: Pizzaria Capão Grande. Uma pizzaria rústica criada no quintal da casa de um gringo, mais um daqueles que veio há anos e anos atrás e ficou... A pizza é “natureba”, e só tem duas opções: doce ou salgada. Duvido você já ter visto isso em algum lugar... Em vez de explicar, só vou dizer que é sensacional, uma das melhores pizzas que já comi, e a descrição fica por conta da foto do cardápio:

  

Dica: não hesite em colocar o mel com pimenta na pizza salgada e o mel comum na doce. Muito bom e diferente, ambos fabricados no próprio local.
Detalhe, os sucos também são adoçados com mel... pedi um de maracujá, tava demais!
Ficamos na pousada Tatu Feliz, muito boa também, destaque para ducha que precisa ser boa após andar 18km, diga-se de passagem.

Dia 7 – Cachoeira da Fumaça e Riachinho

E infelizmente o último dia... Ao escrever este post estou revivendo cada detalhe da viagem e não consigo explicar o quanto foi fantástica.
A Cachoeira da Fumaça é a segunda maior queda do Brasil, com 380 metros. Mas só tem água quando chove... nos informamos antes de ir para saber se tinha água e falaram que tinha muito pouca, mas decidimos ir mesmo assim. A opção seria trocar por outro passeio como uma gruta por exemplo, mas ainda bem que não quisemos. A trilha tem 6km e é bem difícil, subida hiper íngreme de 2km logo no início e depois mais 4km de sol até chegar no “mirante” que possibilita ter vista panorâmica do local que é indescritível. A melhor forma de olhar para o abismo é se rastejar até a ponta da rocha e olhar para aquela altura absurda, de verde e pedras, com um poço ao fundo, e no caso do dia que fui, nenhuma água na queda. Na verdade, imagine um chuveiro. Era o que tinha de água. Mas não importa... valeu a pena demais. E se estivesse chovendo a trilha ficaria muito mais difícil, com muita lama, partes cobertas de água que teriamos que passar com água na cintura. 

A palavra é: impagável!






Os pés necessitados de um descanso... oásis!

O marco de centro da BAHIA!

Visitamos na sequência outra cachoeira (a última buáá) chamada Ribeirinho, bem gostosinha, com pocinho bom para a nada esperada despedida.


O almoço no Vale do Capão ainda ficou por conta da Dona Beli, restaurante muito bom de comida caseira também. O Lê considera essa a melhor carne de sol da Chapada. Comi de sobremesa um doce de ambrosia que estava muiiiito bom também.
Após isso voltamos para Lençóis. Nosso pacote incluía mais uma pernoite em Lençóis, mas voltamos de ônibus Lençois-Salvador de madrugada então não dormimos no Bosque do Lapão, mas passamos algumas horinhas lá descansando após uma boa ducha também.
Fomos jantar no Grisante e pedimos um bife à parmegianna, dica do Tiago. Tava bem gostoso, porção boa, mas o Leandro não passou bem durante a viagem de madrugada. A comida tava boa mas acho que foi exagerada para viajar de bus né? Ah, e claro, voltamos no Pavê e Comê, não podia estar em Lençóis e não comer mais um doce divino da Dona Sônia. Dessa vez pedi o sorvete capuccino (nem preciso dizer que estava maravilhoso) e o Lê repetiu a dose do Pavê de chocolate.
A viagem de volta foi tranquila, o ônibus custa cerca de R$ 50,00 e aviagem dura 6 horas.

CURIOSIDADES

Bom já falei algumas coisas interessantes ao longo do post como por exemplo a cochiladinha clássica nas trilhas. Mas existem algumas outras coisas interessantes como por exemplo a ausência total de violência e criminalidade na região. Quando fizemos o treckking, um motorista contratato pela agência (detalhe que era a primeira vez que ele fazia algum serviço para a agência) pegou nossas malas em uma padaria em Mucugê, onde nosso guia deixou o carro com todas as nossas malas (inclusive bolsa com carteira, documentos etc) e deixou no final da trilha, literalmente e com a chave no pneu... e tudo estava intacto rs.
Outra coisa interessante é que as pousadas por lá tem um quarto para guias. É um tipo de quarto coletivo, pois como os guias nos acompanham nas pernoites em outras cidades além de Lençóis, que no caso era a cidade do nosso guia (imagino que deva ser a da maioria) eles dormem na mesma pousada que os turistas, mas num quarto específico... muito legal.
As coisas lá também são relativamente baratas. Não há aquele abuso nos preços que os locais turísticos costumam ter. Uma latinha de refrigerante por exemplo era no máximo R$ 2,50. Água também era barato. Mencionei o exemplo do caldo de cana em um dos dias. Em uma padaria, no dia do Buracão, consumimos um cafézinho, um guaraná, um bombom e 4 salgados, a conta deu R$ 8,50. Num mercadinho também no dia do Buracão, de manhã, compramos duas garrafinhas de água por R$ 1,30.

DICAS

  1. Protetor solar e boné: muitas trilhas tem exposição total ao sol e o protetor precisa ser reforçado a cada hora.
  2. Tênis x papete: a melhor coisa é levar somente tênis, é mais confortável e como pisamos em muito barro e areia, um calçado fechado é melhor. Tinha lido que para uma semana deveria levar 2 tênis e muitas, mas muitas meias. Na verdade usei o mesmo a semana toda e uma meia por dia foi suficiente. Mas demos sorte e pegamos tempo seco. Acredito que com chuva e lama realmente essa dica seja importante. Consulte a previsão do tempo antes.
  3. Para fazer os passeios contrate uma agência, vale muito a pena. Como fomos uma semana antes de começar a Alta temporada, demos sorte de estar tudo bem vazio (inclusive recomendo não ir na alta porque dá para aproveitar mais os locais), mas os guias comentaram que na alta tudo fica muito lotado, então não corra o risco de ficar sem grupo.